quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Cordel IV - Admiração sincera

Causos curiosos desta vida a assombrá,
como este ocorrido na vila de Cutia.
Era um casal de crianças simples,
o menino João, a menina Maria.
A um bocado de tempo, a ainda piveta
Maria interesse nas coisas de João havia.

Sutil guria, e já bem feminina,
também soltava pipa e sem fim corria
em companhia de seu Joãozinho,
seu exemplo, o cumpade de dia-a-dia.
Tudo que ele fazia, sem excessão,
ela batia o pé, também sismava, queria.

No outro lado da história, contava-se
que João sempre fora por Maria louco.
Não deixa passar nada dela sem zoiar,
sem fuçar, e já se inspirava, ficava doido.
E como sua exemplar cumade, no povo
não deixava de deixar claro um receio fosco.

Até os menos falantes boatava
que pelo visto um dia eles ainda casará.
Seus pais de bons zóios aprovava,
As mães sonhavam: - Que alegria nos trará!
Maria e João sobre o tema nem sussurrava
pois seus segredos aos desagradará.

Gira a ampulheta e o raio do tempo passou-se,
cada um caçou seu rumo na grande cidade.
O João, agora no showbusiness, realizara-se:
era dançarino - como sua Maria, sua mulher de verdade.
A doce Maria, malhara e uma fisioculturista virara,
e, como seu João era, tinha seu feminismo e virilidade.

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