sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Conto: Desabafo às Alturas

“Pai nosso estais no céu...”

Sim, é isto que todas as noites antes de dormir, noites solitárias neste exílio espiritual, protegido pela graça de Deus, num abrigo concedido a mim por um acolhedor Arcebispo, cujo nome devo manter em confidência, busco em meus extensos estudos teológicos diários alimentar minha Fé... só ela para aliviar a perda da minha família e a saudade de minha filha distante. Costumam dizer que todos têm uma missão na vida. O Divino Criador me abençoou – ou fui castigado? – com um destino muito além da compreensão humana. Deus clama meu nome todas as noites em sonhos incompreensíveis e constantes.

“Quando tocarem as sete trombetas...”

A hora do meu juízo final, momento tão aguardado, em que abandonarei meu livre arbítrio, entregarei-me de corpo e alma a vontade do Santíssimo. Lágrimas escorrem, o rosto parece em plena enchente, enchente de fluídos de lamentações tão puras quanto o cristal. “Nem só de pão viverá o homem...”
Ó, Salvador, por que devo passar por mais este teste. Já não bastava perder uma esposa grávida, e tentações infernais na adolescência? Só consegui acreditar que sou um peça chave para um plano dos Céus Estou lamentando muito, Pai? Jamais fora minha sincera intenção. Assim o declaro, do fundo d’alma: - Senhor, nosso Pai, se for vossa vontade meu destino é teu.

Do irmão Márcio Cruz, Amém.


Ops: baseado em um personagem de RPG.

Nenhum comentário: